Livros no projeto

Patxi Zubizarreta: De fel e mel

Tradução de Beatriz Borges

Nascido em Marrocos ainda no século passado, Selim Al-Qadi sonha com uma vida em Paris mais afortunada que a do seu irmão mais velho. Mas realizar este sonho não é fácil, e o caminho para França está repleto de desafios.

A história “De Fel e Mel” desenrola-se ao longo de vários anos e atravessa vários países, traçando-nos um mapa dos amores e desventuras do jovem Selim. O seu relato emocionante dos eventos aproxima a história de uma verdadeira epopeia (tal como, aliás, é mencionado várias vezes ao longo da obra), mantendo-nos colados às páginas.

Parte narrativa, parte novela epistolar e relato, o livro não se apropria apenas da voz do jovem protagonista para desenvolver a história: a segunda parte traz consigo as cartas de Esther e ainda uma entrevista ao mugalari que o ajuda na travessia entre o País Basco e a França, conferindo à obra dimensões que a simples narrativa não conseguiria alcançar.

Apesar do seu tamanho, o livro não pode ser considerado de leitura rápida, devido à recorrente utilização de palavras e expressões estrangeiras, mas esta característica levará, com certeza, à aprendizagem através do contacto com outras culturas. Uma história entusiasmante e comovente sobre as dificuldades dos imigrantes tanto no seu país de origem, como no de chegada, mas também sobre a família, amigos e parceiros que os rodeiam. Este livro não deixará nenhum leitor indiferente!

Teresa Calo: Marta diante do espelho

Tradução de Beatriz Borges

Marta tem dezassete anos, ou tinha-os quando passou para o outro lado do espelho, para o da eternidade vazia, indolor, irreversível.

O espelho diante do qual agora se lembra dos últimos meses da sua vida não devolve a sua imagem. Apenas lembranças. Mas também sensações: o alívio de não ter, por exemplo, ouvido o choro da mãe ou os ecos do desespero surdo do pai, o sentimento de libertação que vem de não ser forçada a fingir que come, ou pior ainda, a comer algo para satisfazer a sua família…

Num monólogo teatral que parece uma história, Marta fala consigo mesma com a franqueza e a crueza típicas de o seu estado, alisando através da ironia as arestas de algumas memórias que, inevitavelmente, a levarão à saudade daquela Marta que um dia deixou de ser.

Evald Flisar: Alice no país das loucuras

Tradução de Edvin Dervišević

Vais divertir-te muito a ler este livro!

Também vais inquietar-te com o destino do nosso mundo ao conheceres a Poterunia. Não encontrarás este país no mapa, pois é uma ilha empoeirada no meio do Oceano Atlântico. Os seus habitantes consumiram todos os recursos naturais, exceto uma substância argilosa, extraída, perto da capital, Potington.
Para evitar que a cidade entre em colapso, são precisos pilares de sustentação, feitos de restos de produtos, porque tudo é feito de restos, até as árvores. E à medida que o buraco se expande, são precisos mais e mais pilares de sustentação… Então, têm de deixar de fazer o que fazem.
Alice e o seu tio Skocir, um especialista em problemas económicos, encontram-se nesta ilha. O tio foi contratado para manter Poterunia acima do nível do mar…
O livro já foi publicado em diversas edições e em vários idiomas. Há alguns anos, foi selecionada para o concurso Cankar. A versão em texto dramático foi lançada nos EUA e apresentada, em tradução alemã, pelo Theatre im Keller, na Áustria.

Aksinja Kermauner: E o dragão comeu o Sol

Tradução de Mojca Medvedšek

Esta é uma poderosa obra de viagens em muitos sentidos. Em primeiro lugar, porque se trata de uma viagem realizada por personagens adolescentes como tu a um país completamente diferente, ou seja, diferente em relação à língua, costumes e tradições. Para além disso, os estados emocionais dos personagens (companheiros de escola e amigos), através dos quais julgam a perfeição e a imperfeição da China, terra de sabedoria, loucura, bondade e desespero, modernidade e cultura ancestral, conferem à narrativa um fascínio inusitado.
Relevante é também o facto de a autora, Aksinja Kermauner, que se dedica há décadas à cegueira e aos jovens com incapacidade visual, ter elegido como narrador protagonista o Suncan, que está quase cego.
Aksinja Kermauner traça um sinuoso e prazeroso caminho até ao coração dos leitores, apresenta-nos personagens vitais e faz-nos sonhar e imaginar um dragão a comer o Sol. Tudo isto para nos fazer VER melhor e mais longe a luz da Lua!